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Irmãos em uma vida, filho e mãe em outra.

  • Foto do escritor: mundoespiritualista
    mundoespiritualista
  • 25 de fev. de 2020
  • 9 min de leitura

Atualizado: 25 de fev. de 2020




caso relatado a seguir foi mantido fiel ao que aconteceu e foi vivenciado durante a sessão apenas os nomes foram trocados e adicionados comentários e explicações dos motivos de cada intervenção feita pelo terapeuta.

Julio 28 anos, estudante, chegou até o terapeuta com as seguintes queixas: Angústia profunda e problemas de relacionamento com familiares, principalmente seu irmão mais velho. O terapeuta fez uma entrevista detalhada com Julio começando com perguntas sobre sua infância, sobre fatos ocorridos que poderiam de certa forma ter lhe causado algum trauma, mas Julio não se lembrou de nada relevante nesse momento.

Terapeuta: Diga-me Julio, o que está vendo, do que está se lembrando? Julio: Estou passeando com minha mãe, estamos apenas andando sem um local certo para ir... Minha mãe sempre me leva para passear com ela, toda a semana ela tira um tempo para sair somente comigo, está um pouco frio, acho que é inverno agora, minha mãe sorri e conversa muito comigo, ela é mesmo linda, não me lembrava de minha mãe tão jovem assim... Terapeuta: Quantos anos você têm Julio? Pode se ver? Ver o que está vestindo? Julio: Tenho seis ou sete anos, mas não consigo me ver, vejo apenas minha mãe falando comigo. Ela veste um casaco verde que meu pai deu de presente a ela. Terapeuta: E seu pai? Consegue ver onde ele está. Julio: Está em casa, ele nunca sai junto com a gente para esses passeios, ele tem um problema na perna que o impede de andar. (O terapeuta percebeu uma expressão de tristeza no rosto de Julio então interveio) Terapeuta: Isso o deixa triste, o fato de seu pai não estar junto no passeio. Julio: Sim, ele nunca está junto com a gente, nunca pode sair, ta sempre em casa. Terapeuta: Mas quando está com ele, consegue se lembrar como ele te trata? Julio: Ele sempre nos espera com um lanche pronto, embora sua perna doa, ele se esforça para fazer o lanche para nos esperar e comermos juntos. Terapeuta: Então Julio, isso é uma grande demonstração de amor por parte de seu pai, embora não possa estar com vocês, ele fica em casa pensando em você e ainda se sacrifica para fazer seu lanche. Não precisa sentir tristeza por ele não estar junto no passeio, pois sabe que ele está com você em pensamento. (Essa intervenção se deu por conta do terapeuta perceber que Julio sentia um pouco de mágoa do pai, mas agora seria capaz de entender os motivos que levavam seu pai a não participar desses passeios, mas saberia que o pai embora não estivesse junto, estava em casa preparando seu lanche, mesmo que isso causasse desconforto e dores.) A expressão de Julio mudou e um grande sorriso apareceu em seu rosto. Terapeuta: Está feliz agora Julio? Onde está nesse momento? Julio: Estou em casa com minha mãe e meu pai, estamos sentados comendo o lanche que ele preparou, eles dão risada e brincam comigo, posso até sentir o cheiro do café com leite que meu pai preparou. Terapeuta: Vocês são uma família feliz então Julio: Sim, não há brigas, meu pai e minha mãe se amam de verdade, gostam de mim. Terapeuta: Reviva essa cena... Se quiser poderá sentir todas as emoções que sentiu naquele momento... Pode sentir o cheiro das coisas... Lembrar-se em detalhes até da conversa que estão tendo. (O terapeuta ficou em silêncio por aproximadamente dois minutos para que Julio pudesse reviver a cena e entender que foi criado com muito amor pelos pais). Terapeuta: Julio o que está sentindo?

Julio: Estou feliz, tranquilo e calmo. Terapeuta: Ótimo Julio... Agora nós vamos voltar um pouco mais em sua vida... Não se prenda mais nessa cena que está, quando terminar o processo você se lembrará perfeitamente dela... (O terapeuta usou esse reforço, pois o cliente estava feliz em vivenciar a cena com os pais e isso poderia gerar certa resistência em sair dela.) Quero que flutue por cima dessa cena, levando consigo o sentimento de amor e carinho que está sentindo agora... Sinta-se livre... Leve a flutuar por cima... Deixe esse tempo para trás... Deixe essa memória se desfazer... Agora vamos ainda mais para trás, para antes de nascer... Na barriga da sua mãe, no útero da sua mãe... Mais uma vez, vou fazer uma contagem decrescente, de cinco para um, e seja o que for que lhe ocorra seja o que for que venha à sua consciência, não há problema nenhum... Não faça nenhum julgamento, nem critique ou analise... Apenas experimente... Quando eu chegar a um esteja nesse ponto, antes de ter nascido... No útero da sua mãe e veja se sente algum dos seus sentidos, sentimentos, pensamento, sensações, quer a nível físico ou emocional... Talvez possa descobrir o motivo que o levou a escolher esta vida e estes pais... Seja o que for que lhe ocorra, não há problema nenhum. Você pode ganhar consciência de acontecimentos exteriores ao corpo da sua mãe... Agora inspire profundamente e mergulhe ainda mais fundo, naquele nível muito, muito profundo.... Enquanto eu conto de cinco até um, vamos regressar ao tempo em que ainda não tinha nascido, nesta vida, ao tempo em que se encontrava no útero da sua mãe. Vamos ver aquilo de que é capaz de se recordar e de experimentar. Cinco... Você pode lembrar-se de tudo... Quatro... Voltar atrás, quando ainda não tinha nascido, no útero da sua mãe, na barriga da sua mãe... Três, seja o que for que volte à sua consciência está bem... Dois... Está começando a ficar nítido... Um... Permanecerá aí... Agora fique nesse ambiente, você pode ganhar consciência de tudo... Das sensações, físicas e emocionais... Quaisquer impressões ou pensamentos... Por estarem forte e intimamente ligados... Você pode ter consciência dos sentimentos ou dos pensamentos da sua mãe... E até do seu pai que está tão próximo... Ao experimentar tudo isso, mais uma vez vai poder falar comigo e mesmo assim poderá manter-se num nível bastante profundo de relaxamento e concentração... O que está sentindo? Julio: A minha mãe está muito contente e feliz Terapeuta: Consegue sentir a felicidade dela? Julio: Apenas assentiu com a cabeça informando que sim. Terapeuta: Então o que a felicidade de sua mãe significa para você Julio? Julio: Que ela realmente me quer... Sou um bebê desejado. Terapeuta: E seu pai. Também pode vê-lo? Julio: Não o vejo, mas sei que está no trabalho, minha mãe quer que ele volte logo para casa. Terapeuta: E você como se sente? Julio: Não sei dizer, estou feliz, nunca senti isso. Terapeuta: Isso é porque se sente amado Julio, sabe que foi desejado e que seus pais lhe amaram desde o primeiro dia, se você analisar bem as cenas que viu, poderá perceber que sempre foi desejado e amado, Foi amado desde o primeiro dia até hoje. Consegue entender isso Julio? Julio, com um sorriso: Sim. Terapeuta: Julio, agora nós voltaremos mais um pouco no tempo... Vamos para uma vida anterior a essa... Quero que se concentre e feche os olhos da mente... Deixe esse lugar que está agora e vá para frente da casa que morava com seus pais após seu nascimento... Está parado à frente da porta de entrada... Quando atravessar a porta, à medida que eu fizer a contagem decrescente de cinco para um, verá uma luz lindíssima do outro lado da porta... Quando eu pedir atravessará a porta e vai se deparar com uma cena... A cena poderá ser uma cena dos tempos antigos, poderá ser uma cena de uma vida anterior. Entre na cena, atravesse a porta e caminhe em direção à luz enquanto eu faço a contagem... Cinco... A porta abre-se... Você sente-se atraído pela luz que ofusca sua visão... Do outro lado da porta há algo para Você aprender... Quatro... Você atravessa a porta e penetra na luz. Três... Ao entrar na luz, apercebe-se de uma cena, ou de uma pessoa, uma figura que está do outro lado da luz... Concentre-se completamente quando eu disser o número dois... Dois, já está concentrado... Agora já pode lembrar-se de tudo. Um... Permaneça aí... Se der por si dentro de um corpo, olhe para os seus pés e veja o tipo de calçado que tem nos pés, se são sapatos, sandálias ou botas, ou peles, ou se está descalço. Olhe para as suas roupas, preste atenção a todos os detalhes... Sinta as texturas não se trata apenas de ver, trata-se também de sentir.... Use todos seus sentidos... Diga-me o que vê? Julio: Estou calçado com botas de pele de animal. Terapeuta: E o resto das roupas, pode ver? Julio: Estou com calças velhas e remendadas, minha camisa é grossa, está muito calor... Sinto-me mal por ter de usar roupas tão velhas, mas somos pobres e não temos dinheiro. Terapeuta: E que idade têm? Julio: 30, mas pareço ser bem mais velho. Terapeuta: Pode se ver? Consegue ver sua aparência. Julio: Sou alto, cabelos lisos, pele queimada pelo sol... Acho que estou doente Terapeuta: Pode ver mais alguém... Tem uma família... Tente ver onde mora... Talvez possa se ver na mesa de jantar. Julio: Sou casado... Minha esposa está a preparar a janta... Terapeuta: Pode ver se tem filhos? Julio: Tenho um menino ele tem 8 anos agora, mas não posso ver o rosto dele. Terapeuta: Concentre-se e poderá ver... Vou contar até 3 ao terminar você poderá ver o rosto de seu filho... 1... 2... 3... Agora sua mente está mais aberta e você mais relaxado... Veja seu filho. Julio: É um menino, estamos passeando em um campo, ele é o Paulinho meu irmão atual. Terapeuta: O irmão que você não se dá bem? Julio: Sim Terapeuta: Viva essa cena, procure descobrir o que acontece com você nessa vida.. Julio: Meu filho está doente, ele tem câncer, mas não é assim que chamamos. Os médicos não sabem o que é, mas eu sei... Não quero perder meu filho. Não estou mais conseguindo vê-lo. Ele está desaparecendo. Terapeuta: Respire... Vou tocar em sua testa e contar até três e ao terminar a contagem você avançará um pouco nessa vida e verá seu filho novamente... (O toque na testa ajuda no aumento do relaxamento e segurança, pois demonstra que o terapeuta está ali para ajudá-lo no que for necessário) Um... Dois... Três... Avance agora no tempo.... (Pausa de 5 segundos) O que vê agora? Julio: Minha esposa e eu estamos chorando... Nosso filho nos deixou... Eu estou com raiva, muito decepcionado... Sinto-me mal. Terapeuta: Não precisa sentir isso Julio... Seu filho se foi nessa vida, mas como você mesmo disse, ele voltou como seu irmão... Tudo está bem agora... Você tem mais uma vez a oportunidade de viver o amor que sentia pelo seu filho... Não precisa mais sentir angústia, raiva, nada disso importa mais, pois seu filho está perto de você agora... Mas como seu irmão... (Julio relaxou e o terapeuta interveio para que o processo não fosse quebrado antes da hora) Vou contar até cinco e ao terminar quero que vá mais um pouco à frente nessa vida... Vá para qualquer momento que ache que possa aprender algo... 5... 4... 3... 2... 1... Agora está em outro momento de sua vida.... Viva essa cena por um tempo... Veja os detalhes... Reviva tudo... O que vê?


Julio: Estou velho... Estou deitado em uma cama... Minha esposa já morreu... Sou sozinho... Acho que estou muito doente... Não sinto, mas sei que estou com dores no peito... Minha irmã segura minha mão... Ela está triste por minha partida, sabe que vou morrer, minha irmã tem cuidado de mim esse tempo todo... Foi uma grande mulher. Terapeuta: Diga-me como ela é? Julio: É minha mãe nessa vida... (Aqui se explica a ligação de amor que tinha com a mãe)... Acho que estou morrendo, estou com ataque de tosse, não sinto nada... Está escurecendo tudo... Acho que estou morto. Terapeuta: Não precisa vivenciar essa cena, vá para depois de sua morte... Consegue ver algo? Julio: Não vejo nada... Apenas uma luz azul muito forte, nada, além disso. Terapeuta: Julio! Vou trazê-lo de volta agora... Vou contar de um até cinco e quando terminar você despertará e lembrará tudo que viu... Se sentirá relaxado e confortável, estará totalmente calmo... Um... Dois... Três... Quatro... Cinco... Acorde. Após alguns minutos com Julio já relaxado e sentado no sofá o profissional prosseguiu com a análise. Terapeuta: Como se sente? Julio: Bem! Terapeuta: Analisando o que viu o que pôde aprender? Julio: Bem, penso que o fato de não me aproximar de meu irmão é por causa do medo que tenho de perdê-lo e por isso acabo me afastando, mas vejo agora que não precisa ser assim. Já quanto aos meus pais pude perceber o quanto me amam, na realidade não me lembrava mais dos passeios que dava com minha mãe e nem como meu pai ficava esperando eu voltar e mesmo com dores tinha preparado um belo lanche. Terapeuta: Você se lembra agora qual era o problema de seu pai. Julio: Sim, meu pai sofreu muito com reumatismo, embora possa andar, seus movimentos devem ser limitados. Terapeuta: E quanto a sua mãe. O quê pôde aprender com o fato de terem sido irmãos em outra vida e ela ter te ajudado tanto. Julio: Creio que não importa pelo que eu esteja passando minha mãe sempre estará lá para segurar minha mão, tanto nos momentos bons como nos ruins.

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