enxaqueca por trauma passado parte 2
- mundoespiritualista
- 5 de mar. de 2020
- 4 min de leitura

Continuação do post sobre enxaqueca
André: Estou no meio de uma floresta.
Terapeuta: Olhe para seu corpo e diga-me o que está vestindo.
André: Estou usando uma camisa branca de tecido bem grosso... Parece feita de saco de estopa... Minha calça é de tecido ruim... Está bem velha.
Terapeuta: Olhe para seus pés... Que tipo de calçado está usando?
André: Não sei direito... Parece uma bota de pano... É bem mal feita... Meus pés doem.
Terapeuta: Quantos anos têm?
André: 32 eu acho.
Terapeuta: Você está sozinho nessa floresta?
André: Não... Outros homens estão aqui também... Estão cortando árvores.
Terapeuta: Como eles chamam você...
André: Tomás... Tomás eu acho...
Terapeuta: Olhe em volta e diga-me tudo que está acontecendo.... Tudo que pode ver... Sem pressa... Apenas reviva essa cena... O que estão fazendo na floresta.
André: Cortando árvores... Vamos construir um estábulo para um senhor muito poderoso... Temos que terminar logo... Os homens estão cortando muitas árvores... Eu estou ajudando... Estou derrubando arvores também... Mas não estou contente... Quero ir para casa ver meu irmão.
Terapeuta: Porque quer ver seu irmão?
André: É um bebê ainda... Minha esposa está cuidando dele.
Terapeuta: Porque ela está com seu irmão.
André: Nossos pais... Acho que eles morreram... Eu prometi cuidar de meu irmão... Tenho que cortar essas árvores para poder ir vê-lo... Tenho que ir.... Estou angustiado... Sensação ruim....
Terapeuta: Respire... Relaxe... Não precisa sentir isso... Apenas relaxe e continue.... Diga o que está acontecendo agora?
André: Estamos todos trabalhando... Cada homem está cortando uma árvore... Estou cansado... Todos estão cansados.... Da para sentir que ninguém queria estar aqui... Estão gritando... Estão correndo.... Meu deus a árvore vai cair em cima de mim... Eu não consigo correr.... Meu Deus.... Ela esmagou minha cabeça.... Que dor.... Minha cabeça dói muito... Estou morrendo... Eu to morrendo... Não quero morrer... Meu irmão, quem vai cuidar dele... Me tirem daqui... Está doendo muito... (André se mexia no sofá bem lentamente, como se estivesse tendo um pesadelo, então o terapeuta resolveu intervir)
Terapeuta: Respire... Você não precisa sentir essa dor... Veja a cena de forma dissociada... Acalme-se... Relaxe.... Isso relaxe... Muito bom... (a respiração de André voltou ao normal então o terapeuta prosseguiu) O que está vendo?
André: Estou preso embaixo da árvore... Um galho perfurou minha cabeça... Os homens estão tentando me tirar dali... Meu Deus... Quem vai cuidar de meu irmão... Eles precisam me tirar dali... Minha cabeça não dói mais... Acho que estou morrendo... Meu irmão... Não posso morrer... Está ficando tudo escuro... Acho que estou morto... Não vejo mais nada.... Não sinto nada....... (André ficou em silêncio respirando lentamente)
Terapeuta: André... Vou trazê-lo de volta... Vou contar de cinco até um... Quando chegar ao número um você despertará... Estará relaxado e tranquilo... Sua cabeça estará sem dores... Você estará totalmente relaxado e se lembrará de tudo que viu... 5... 4... 3... 2... 1... Acorde.
Após encerrar o procedimento o terapeuta conversou com André tentando colocar o que foi visto e sentido por ele dentro de um contexto que
combinasse com sua vida atual. Segundo André a sua esposa naquela vida não era sua ex-esposa de sua vida atual, mas não tinha nenhuma dúvida que o seu irmão daquela vida era o seu filho dessa vida.
Após outras sessões o terapeuta acabou descobrindo que André havia abandonado seu filho, não o via e raramente pagava a pensão alimentícia. A ex-esposa de André o culpava muito por isso, pois segundo ele, quando ela engravidou, ele fez juras de amor e promessas de cuidar sempre de seu filho, mas com o passar do tempo as coisas não saíram como planejado e André acabou negando o próprio filho. O terapeuta descobriu também que André fora abandonado pelo pai sendo criado apenas pela mãe. Sobre as dores de cabeça, André relatou que começaram logo após sua separação com Marta, e o coagulo surgiu após ele se recusar a pagar a pensão alimentícia.
Notas sobre o caso.
Para o terapeuta conseguir essas informações passadas pelo cliente, foi necessário fazer várias sessões de terapia, pois dificilmente o paciente dará tudo de “mão-beijada”. Na realidade a grande maioria das pessoas tenta esconder ou maquiar a verdade, pois em um primeiro momento elas sempre anseiam pela aprovação do terapeuta e dependendo da informação que ela dê, seu medo é que o terapeuta acabe julgando seus atos. Para conseguir informações como no caso acima o terapeuta precisa montar um verdadeiro quebra cabeças, pois as informações serão sempre passadas aos poucos. Após fazer a interpretação o terapeuta deve de uma forma delicada confrontar o cliente com essas verdades.
No caso de André após o terapeuta juntar todos os fatos foi possível determinar que suas dores de cabeça fossem provenientes do sentimento de culpa por ter abandonado seu filho.
Na sua vida anterior, o acidente com a árvore fez com que a promessa feita aos pais fosse quebrada. André não pôde cuidar de seu irmão naquela existência. O fato ocorrido deixou um sentimento gravado em seu inconsciente e nesta vida quando abandonou seu filho quebrando mais uma promessa que havia feito a ex-esposa, como forma de autopunição a dor de cabeça sentida no momento do acidente e gravada em sua mente inconsciente foi novamente acessada, fazendo-o reviver uma experiência de sua vida anterior que foi traumática.
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